Aula: “Sede Perfeitos - O Homem de Bem – Respeito e Igualdade"
Adaptável a várias idades
Bibliografia: Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap.XVII, §§ 7º, 8º e 9º
I
– Acolhida e Harmonização.
Duração – no máximo cinco minutos.
1 – Exercício: Colocar um cd com música bem
suave. Quando as crianças entrarem na sala, pedir para se postarem em círculo e
fazerem o seguinte exercício: com todos em silêncio, murmurar o nome de duas
crianças que, sem ruído, trocam de lugar enquanto os outros permanecem imóveis.
Continuar até todos trocarem de lugar.
2 – Relaxamento:
3 – Respiração:
Obtido o relaxamento muscular, cada
um passa a concentrar sua atenção na respiração, inspirando naturalmente, com a
boca cerrada, retendo o ar um pouco e expirando, abrindo suavemente os lábios.
Este método de
respiração, utilizado diariamente possibilita uma renovação orgânica e, em
conseqüência, maior vitalidade.
II. Prece.
III. Atividades
1)
Pegar o “Baú do Tesouro” e colocá-lo no centro da
mesa. Dizer: “Aqui está nosso baú do tesouro”, será que hoje vamos poder juntar
mais bens espirituais aqui em nossa sala? Inquirir um a um sobre as virtudes
cultivadas e boas ações praticadas durante a semana, preencher os coraçõezinhos
com o nome de cada Evangelizando e o bem espiritual cultivado naquela semana,
entregar para o mesmo colocá-lo no baú. Incentivá-los a continuar cultivando boas
atitudes, bons pensamentos e boas palavras, a fim de promoverem a reforma
íntima e “encherem” o Baú do Tesouro.
2)
Dinâmica:
Pedir aos Evangelizandos
que lavem bem suas mãozinhas. Após todos haverem se sentado, mostrar para eles
duas maçãs: uma vermelha e uma verde. Pedir que eles as segurem, cheirem, sintam. Depois de as maçãs passarem
pelas mãos de cada um, cortá-las ao meio, teatralmente, introduzindo o tema da
aula, fazendo-os perceber que ambas, por dentro, são iguais (possuem a mesma
polpa, as mesmas sementes, escorrem o mesmo suco. Partir as maçãs em pedaços
iguais e dar um pedaço de cada maça para
as crianças comerem e perceberem que possuem também o mesmo sabor.
• Explicar para os
Evangelizandos que Deus nos criou a todos simples e ignorantes.
• Nascemos várias
vezes (reencarnamos) a fim de aprendermos a ser melhores, termos diversas experiências e ganhar novos conhecimentos.
• Todos nós já
reencarnamos como ricos, pobres, sadios, doentes, bonitos, feios, menino,
menina. Já nascemos e vivemos em vários lugares com culturas diferentes, já
tivemos várias crenças diferentes.
• Somos, porém,
todos, espíritos, filhos do mesmo Pai que é Deus e temos o mesmo destino: a
perfeição. Assim, não podemos julgar ou debochar de alguém por ser diferente de
nós.
• Existem
diferenças físicas, emocionais, comportamentais, por exemplo: um é negro, outro
branco, outro índio, um usa óculos, outro não pode andar. Um é alto, outro
magro. Um é mais extrovertido, outro mais tímido, mas somos todos irmãos, como
nos ensinou o Mestre Jesus. Assim como em casa quem tem irmão ou priminho menor
os ajuda, devemos sempre ajudar-nos uns aos outros nas dificuldades.
3)
Passar o vídeo “Na minha
escola todo mundo é igual”, discutir com as crianças sobre o vídeo.
4)
Passar o vídeo "Bulling" e comentar:
5)“Tudo bem ser diferente”, para aprofundar o tema.
6)
Cantar a música “A Foquinha” de Sônia da Palma:
Letra:
Respeitável público e agora com vocês
Foquinha, a foca fofa e linda!
Foquinha é linda, toda pretinha,
É tão gordinha, não tem perninha
E quando bota a bola no nariz Ih...
Equilibra, não deixa cair
Joga no chão, bate palminha
Tlap, tlap
Todo mundo
Tlap, tlap
Pede bis!
Os animais são diferentes
Assim também a gente
O importante é perceber
Que cada um tem seu valor
Ter respeito e aprender a dar amor
O importante é perceber
Que cada um tem seu valor
Ter respeito e aprender a dar amor!
7) Confeccionar com as crianças bonecos
de sucata, representando a diversidade, usando os exemplos abaixo. Depois,
providenciar um globo terrestre (ou se não for possível montar um com uma bola
azul), colar em uma placa de madeira ou isopor, posicionar os bonecos em volta
e colar letras feitas de bandeirinhas com a frase: SER DIFERENTE É NORMAL! Deixar
em exposição.
8) Prece
Final.
Subsídios para o Evangelizador:
“ É bom, humano e benevolente para com
todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como
irmãos.
Respeita nos outros todas as
convicções sinceras, e não lança o anátema aos
que não pensam como ele.
Em
todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que
prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia
com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um
sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta
ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.” ESE
Tolerância
e Respeito
Sérgio Biagi Gregório
SUMARIO: 1. Introdução. 2.
Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sobre a Tolerância: 4.1. Os Vícios e as
Virtudes; 4.2. Formas Falsas e Formas Verdadeiras de Tolerância; 4.3.
Tolerância é uma Virtude Difícil. 5. Sobre o Respeito: 5.1. O Respeito em Kant;
5.2. A Lei Áurea; 5.3. A Tolerância é Passiva e o Respeito Ativo. 6.
Tolerância, Respeito e Espiritismo: 6.1. Lei de justiça, Amor e Caridade; 6.2.
Cristo é o Ponto Chave da Tolerância; 6.3. O Respeito ao Próximo. 7. Conclusão.
8. Bibliografia Consultada.
Tolerar é bom, mas respeitar é melhor. Respeitar é bom, mas amar
é melhor.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a
palavra tolerância? E respeito? Tratamos o próximo da mesma forma que
gostaríamos de ser tratados? Somos severos para com os outros e indulgentes
para conosco ou severos para conosco e indulgentes para com os outros? Que tipo
de subsídios o Espiritismo nos oferece para uma melhor interpretação do tema?
2. CONCEITO
Tolerância – do latim tolerantia,
do verbo tolerare que
significa suportar. É uma atitude de respeito aos pontos de vista dos outros e
de compreensão para com suas eventuais fraquezas. Esta palavra está ligada a
outros termos afins: paz, ecumenismo, diferença, intersubjetividade, diálogo,
alteridade, não violência etc.
Respeito – do latim respectus, de reespicere que significa olhar. Sentimento de
consideração àquelas pessoas ou coisas dignas de nossa veneração e gratidão,
como aos pais, aos mais velhos, às coisas sagradas, aos sentimentos alheios
etc.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em seu sentido
estrito, a tolerância é o regime de liberdade concedido pelo governo de um
país, onde já se tem uma forma de religião estabelecida, de praticar qualquer
outra forma de religião, ou mesmo de não seguir nenhuma.
A completa liberdade
religiosa é fato recente no mundo ocidental. Antes da Reforma, a Igreja
católica aplicava todo o tipo de penalidades a quem quer que se desviasse da
sua ortodoxia. A Reforma (1517) deu início à tolerância, mas não de forma
absoluta, pois os próprios reformadores não toleravam as teses que combatiam.
Os Protestantes quiseram não só submeter indivíduos, mas nações inteiras às
suas opiniões. Com isso, vimos aparecer o movimento denominado
"Contra-Reforma", encetado pela Igreja católica, dando origem à
"guerra das religiões", de caráter político religioso. (Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
A intolerância religiosa foi, no processo histórico,
a maior causadora das guerras entre nações. Nesse mister, o próprio catolicismo
demorou muito a respeitar o pluralismo das diversas crenças. Foi somente no
Concílio Vaticano II que deixou claro: 1.º) a tolerância religiosa não se
baseia no falso princípio de que todas as religiões sejam verdadeiras, mas no
princípio da liberdade de consciência; 2.º) esta não dispensa ninguém do dever
fundamental de fidelidade à verdade, isto é, não significa que se pode mudar de
religião como se muda de roupa, mas significa que a aceitação de uma fé é um
ato soberanamente livre e espontâneo da consciência. (Pequena Enciclopédia de
Moral e Civismo)
O ser humano moderno
não é um Robinson Crusoe, desterrado em uma ilha, cuja única atividade era a de
pescar e de caçar para sua sobrevivência. O homem tem que viver em sociedade,
pois já se disse que ele é um animal político e social. E quando começa a se
associar, a entrar em contato com mentes que pensam de forma diferente da sua,
a contradição aparece. E é justamente aí que surge o ensejo de praticar a
tolerância, que nada mais é do que o respeito para com o pensamento alheio.
4. SOBRE A TOLERÂNCIA
4.1. OS VÍCIOS E AS VIRTUDES
A virtude é a
potência de um ato. É a atualização do que já existe no âmago do ser. A virtude
do abacateiro é produzir abacate. A virtude do santo é produzir santidade.
Segundo Aristóteles, a virtude deve ficar no meio, ou seja, nem se exceder para
cima e nem para baixo. O relacionamento entre vício e virtude coloca-nos frente
à lei da utilidade marginal decrescente, a qual nos ensina que o excesso de uma
coisa pode transformar-se no seu oposto. Assim sendo, o excesso de humildade
pode transformar-se em orgulho e o excesso de orgulho pode transformar-se em
humildade. Tomemos o exemplo de Paulo. Depois da perda e recuperação de sua
visão, no deserto de Damasco, o orgulhoso combatente de Cristo tornou-se o seu
mais humilde servidor.
4.2. FORMAS FALSAS E FORMAS
VERDADEIRAS DE TOLERÂNCIA
Existem formas
falsas e verdadeiras de tolerância. Um exemplo de forma falsa é a do ceticismo,
aquela que aceita tudo, subestima todas as divergências doutrinais, porque
parte do princípio de que é impossível aproximar-se da verdade. A verdadeira
tolerância é humilde, mas convicta. Respeita as idéias e condutas dos demais,
sem desprezá-las, mas também sem minimizar as diferenças, porque sabe que é a
contradição que leva ao bem comum. Nesse sentido, a frase atribuída a Voltaire,
"Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de
dizê-lo até o fim", é providencial para elucidar o respeito que devemos
ter para com os nossos semelhantes, sejam de que condições forem.
4.3. TOLERÂNCIA É UMA VIRTUDE
DIFÍCIL
O dilema dos limites
da virtude da tolerância pode resumir-se em dois princípios: "Não faças aos outros o que não queres que te
façam a ti" e "Não deixes que te façam o que não farias a
outrem". O comodismo que norteia os nossos passos é o
grande obstáculo para o não cumprimento desta virtude. Quantas não são as vezes
que dizemos sim a um convite quando, com razão, deveríamos ter dito não, por
faltar-nos a coragem de dizer que aquilo não faz parte de nosso projeto de
vida.
Em se tratando dos
erros alheios, a dificuldade está em delimitar aceitação dos mesmos.
Pergunta-se: até que ponto devemos suportar as injúrias e violências, os
agravos e os desatinos de nosso próximo? Qual é o limite? Jesus ensina-nos que
devemos perdoar não sete, mas sete vezes sete, isto é, indefinidamente. É para
sempre? Contudo, há um limite em que a paciência deixa de ser considerada
virtude. Qual é o limite? Ainda: "O hábito de tudo tolerar pode ser fonte
de inúmeros erros e perigos".
5. SOBRE O RESPEITO
5.1. O RESPEITO EM KANT
Em Kant, o respeito
é o único sentimento comparável com o dever moral. Não é um sentimento
"patológico" que procede da sensibilidade – como todos os outros – ou
seja, da parte passiva do nosso ser. Ele procede da vontade. Em sua Fundamentação da Metafísica dos Costumes,
define-o como a consciência da imediata determinação da vontade pela lei, ou
seja, como a apreensão subjetiva da lei. Embora tenha certas semelhanças com as
inclinações naturais e o temor, distingue-se de ambos porque não resulta de uma
impressão recebida, mas de um conceito de razão. (Dorozói, 1993)
5.2. A LEI ÁUREA
A lei áurea já
existia antes de Jesus. Os gregos diziam: "Não façais ao próximo o que não
desejeis receber dele"; os persas: "Fazei como quereis que vos
faça"; os chineses: "O que não desejais para vós, não façais a
outrem"; os egípcios: "Deixar passar aquele que fez aos outros o que
desejava para si"; os hebreus: "O que não quiserdes para vós, não
desejeis para o próximo"; os romanos: "A lei gravada nos corações
humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo".
Com Jesus, porém, a
regra áurea solidificou-se plenamente, pois o mestre não só a ensinou como a
exemplificou em plenitude de trabalho, abnegação e amor. (Xavier, 1973, cap.
41)
5.3. A TOLERÂNCIA É PASSIVA E O
RESPEITO ATIVO
A palavra tolerância relaciona-se
com o substantivo "respeito" e o verbo "suportar".
Conseqüentemente, devemos não somente respeitar como também suportar Deus, o
próximo e a nós mesmos. Suportar a nós mesmos deve vir em primeiro lugar,
porque não há peso mais pesado do que o nosso próprio peso. Quantas não são as
vezes que pensamos estar agradando aos outros e não percebemos o elevado grau
de grosseria, hostilidade e autoritarismo que lhes causamos. Eles acabam nos
aturando porque não têm outra saída. É o caso do relacionamento entre o
funcionário e o seu chefe. Se não lhe obedecer, estará sujeito a perder o
emprego.
A tolerância
obriga-nos a respeitar a regra de ouro: "Não fazer aos outros o que não
gostaríamos que nos fizessem". Evitar fazer mal aos outros é uma atitude
meramente passiva. O respeito, ao contrário, carrega uma polaridade ativa:
"Amar ao próximo como a nós mesmos". De acordo com Aristóteles,
enquanto o respeito constitui uma virtude que nunca pode pecar por excesso,
porque quanto mais respeito se tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma
virtude que se obriga ao meio termo porque, em excesso, resulta em indiferença,
e, em falta, traz o sabor da intolerância. (Marques, 2001)
6. TOLERÂNCIA, RESPEITO E
ESPIRITISMO
6.1. LEI DE JUSTIÇA, AMOR E
CARIDADE
A Lei de Justiça,
Amor e Caridade ajuda a compreender a tolerância. Segundo o entendimento desta
lei, a justiça, que é cega e fria, deve ser complementada pelo amor e pela
caridade, no sentido de o ser humano conviver pacificamente com o seu próximo.
Observe alguém, sem recursos financeiros, jogado ao sofrimento, como
conseqüência de atos menos felizes do passado. Há justiça divina, porque nada
ocorre por acaso. Mas o amor e a caridade dos semelhantes podem mitigar a sua
sede e a sua fome.
6.2. CRISTO É O PONTO CHAVE DA
TOLERÂNCIA
A base da tolerância
está calcada na figura de Cristo. Foi Ele que nos passou todos os ensinamentos
de como amar ao próximo como a nós mesmos. Ele nos deu o exemplo, renunciando a
si mesmo em favor da humanidade. Fê-lo, sem queixas e sem recriminações,
aceitando sempre as determinações da vontade de Deus e não a sua. Em suas
prédicas alertava-nos que deveríamos ser severos para conosco mesmos e
indulgentes para com o próximo, e não o contrário.
6.3. O RESPEITO AO PRÓXIMO
Respeitar o próximo é
não lhe ser indiferente. É procurar vê-lo no interior do seu ser. Diz-se que o
sábio pode se colocar no lugar do ignorante, mas este não pode se colocar no
lugar do sábio, porque lhe faltam condições para bem avaliar o que é sabedoria,
conhecimento e evolução espiritual. Contudo, os amigos espirituais nos alertam
que penetrar no âmago do próximo não é tarefa fácil. Podemos fazer algumas
ilações, algumas tentativas, mas como pensar com a cabeça do outro?
Numa Casa Espírita,
o respeito ao próximo deve ser praticado com cada colaborador. Respeitar aquele
que escolheu se dedicar aos animais, aquele que escolheu se dedicar ao trabalho
de assistência social, aquele que escolheu transmitir os ensinamentos
doutrinários. Nesse mister, não há trabalho mais ou menos importante, porque
todos concorrem para a divulgação dos princípios doutrinários do Espiritismo.
7. CONCLUSÃO
O Espiritismo,
entendido como ciência, filosofia e religião, é o que mais subsídios nos dá
para respeitar as crenças e os comportamentos do nosso próximo. Isto porque,
"quanto mais o ser humano sabe, melhor compreende os comportamentos
humanos, desarmando-se de idéias preconcebidas, da censura sistemática, dos
prejuízos das raças, de castas, de crenças, de grupos".
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena
Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
DUROZOI, G. e
ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de
Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
GRANDE ENCICLOPÉDIA
PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d.
p.]
MARQUES, Ramiro. O
Livro das Virtudes de Sempre: Ética para Professores. Portugal: Landy,
2001.
XAVIER, F. C. Caminho,
Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB,
1973.São Paulo, agosto de 2007
Paz e luz!
Laura