Oi, iniciei o Curso Estudo
de Aprofundamento da Doutrina Espírita. Passarei a postar meus estudos complementares, como as referências indicadas na apostila da FEB e outras "cositas". Espero que gostem.
Religião
à Luz do Espiritismo – Tomo I
Módulo
I – Roteiro I –
Referências:
I
- O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. 18
- Item 2 (comentário da
parábola do festim das bodas)
O incrédulo ri desta parábola, que lhe
parece de uma pueril ingenuidade, pois não admite que haja tantas dificuldades
para realização de um banquete, e ainda mais quando os convidados chegam a
ponto de massacrar os enviados do dono da casa. “As parábolas – diz ele – são
naturalmente alegorias, mas não devem passar os limites do possível”.
O mesmo se pode dizer de todas as
alegorias, das fábulas mais engenhosas, se não lhes descobrimos o sentido
oculto. Jesus se inspirava nas usanças mais comuns da vida, e adaptava as suas
parábolas aos costumes e ao caráter do povo a que se dirigia. A maioria delas
tinha por fim fazer penetrar nas massas populares a idéia da vida espiritual; e
seu sentido só parece incompreensível para os que não se colocam nesse ponto de
vista.
Nesta parábola, por
exemplo, Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é felicidade e alegria, a
uma festa nupcial. Os primeiros convidados são os judeus, que Deus havia
chamado em primeiro lugar para o conhecimento da sua lei. Os enviados do rei
são os profetas, que convidaram os judeus a seguir o caminho da verdadeira
felicidade, mas cujas palavras foram pouco ouvidas, cujas advertências foram
desprezadas, e muitos deles foram mesmo massacrados, como os servos da
parábola. Os convidados que deixam de comparecer, alegando que tinham de cuidar
de seus campos e de seus negócios, representam as pessoas mundanas, que,
absorvidas pelas coisas terrenas, mostram-se indiferentes para as coisas
celestes.
Acreditavam
os judeus de então que a sua nação devia conquistar a supremacia sobre todas as
outras. Pois não havia Deus prometido a Abraão que a sua posterioridade
cobriria a Terra inteira? Tomando sempre a forma pelo fundo, eles se julgavam
destinados a uma dominação efetiva, no plano material.
Antes
da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram politeístas e
idólatras. Se alguns homens superiores haviam atingido a idéia da unidade
divina, essa idéia entretanto permanecia como sistema pessoal, pois em nenhuma
parte foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados, que
ocultavam os seus conhecimentos sob formas misteriosas, impenetráveis à
compreensão do povo. Os judeus foram os primeiros que praticaram publicamente o
monoteísmo. Foi a eles que Deus transmitiu a sua lei; primeiro através de
Moisés, depois através de Jesus. Desse pequeno foco partiu a luz que devia expandir-se
pelo mundo inteiro, triunfar do paganismo e dar a Abraão uma posterioridade
espiritual “tão numerosa como as estrelas do
firmamento”.
Mas
os judeus, embora repelindo a idolatria, haviam negligenciado a lei moral, para
se dedicar à prática mais fácil do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo: a
nação, dominada pelos romanos, estava esfacelada pelas facções, dividida pelas
seitas; a própria incredulidade havia atingido até mesmo o santuário. Foi então
que Jesus apareceu, enviado para chamá-los à observação da lei e para
abrir-lhes os novos horizontes da vida futura. Primeiros convidados ao banquete
da fé universal, eles repeliram, porém, as palavras do celeste Messias, e o
sacrificaram. Foi assim que perderam o fruto que deviam colher da sua própria
iniciativa.
Seria
injusto, entretanto, acusar o povo inteiro por essa situação. A
responsabilidade coube principalmente aos fariseus e aos saduceus, que puseram
a nação a perder, os primeiros pelo seu orgulho e fanatismo, e os segundos pela
sua incredulidade. São eles, sobretudo, que Jesus compara aos convidados que se
negaram a comparecer ao banquete de núpcias, e acrescenta que o rei, vendo
isso, mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas ruas, bons e maus.
Fazia entender assim que a palavra seria pregada a todos os outros povos,
pagãos e idólatras, e que estes, aceitando-a, seriam admitidos à festa de
núpcias em lugar dos primeiros convidados.
Mas não basta ser
convidado; não basta dizer-se cristão, nem tampouco sentar-se à mesa para
participar do banquete celeste. E necessário, antes de tudo, e como condição
expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a
lei segundo o espírito, pois essa lei se encontra inteira nestas palavras: Fora
da caridade não há salvação. Mas
entre todos os que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que guardam e a
aproveitam! Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Foi por
isso que Jesus disse: Muitos serão os chamados e poucos os
escolhidos.
II
- O Livro dos Espíritos – Questões 667, 668 e 669 –
Aqui acrescentei os comentários a estas
questões feitos pelo espírito Miramez em sua obra Filosofia Espírita,
psicografada por João Nunes Maia:
667. Por que razão, não obstante ser falsa, a crença
politeísta é uma das mais antigas e espalhadas?
“A concepção de um Deus único não poderia existir no
homem, senão como resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, pela
sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, atuando
sobre a matéria, conferiu-Lhe o homem atributos da natureza corpórea, isto é,
uma forma e um aspecto e, desde então, tudo o que parecia ultrapassar os limites
da inteligência comum era, para ele, uma divindade. Tudo o que não compreendia
devia ser obra de uma potência sobrenatural. Daí a crer em tantas potências
distintas quantos os efeitos que observava, não havia mais que um passo. Em
todos os tempos, porém, houve homens instruídos, que compreenderam ser
impossível a existência desses poderes múltiplos a governarem o mundo, sem uma
direção superior, e que, em conseqüência, se elevaram à concepção de um Deus
único.”
Questão 667 – Comentário de Miramez:
POLITEÍSMO
O homem primitivo, em épocas recuadas, não tinha condições de
aceitar a crença em um Deus único. Mas, Deus, sábio e soberano, deixou que os
homens primitivos acreditassem na doutrina politeísta, para depois enviar uma
seqüência de revelações para incorporar os princípios da verdade, vindo a se
revelar pelos Seus enviados, solidificando-se em um Deus único, por Moisés.
A concepção dos deuses se espalhou por toda parte, mostrando aos
homens que tudo era assistido por deuses específicos, na modalidade dos seus
interesses para a paz de todos. Por vezes, esses deuses entravam em guerra e
estimulavam a luta pelos direitos que os homens julgavam possuir.
Moisés foi um instrumento ímpar nessa divulgação; ele derrubou
os deuses mesmo que isso custasse, como ocorreu, muitas vidas.
O Espírito ganhou um corpo humano, na sua simplicidade e
ignorância, e dessa forma, não poderia ainda crer em um Deus único. O próprio
Criador foi quem inspirou os Seus enviados para dividirem o Seu reino com
muitos deuses. Mas, como a verdade na Terra é relativa, cabem mudanças nas
operações espirituais, e é nesse campo de trabalho que a verdade veste formas
diferentes para atender a todos. Até nos dias de hoje podemos notar que Deus permitiu
que os homens preguem certas religiões com traços de primitividade,
interpretando o Livro Sagrado ao pé da letra. Por que? Porque ainda existem
Espíritos encarnados, e mesmo desencarnados, que somente aceitam assim, pela
expressão da sua altura espiritual. Tudo é dado de acordo com a evolução das
almas.
Podemos observar que logo que a Doutrina Espírita afirmou de um
modo claro que a reencarnação é lei natural, em todo o mundo teve início um
combate cerrado contra essa verdade, pelas falsas idéias que os seus
profitentes tinham assimilado em outras eras. Mas, como a verdade não precisa
de defesa dos homens, hoje os próprios antagonistas já se encontram em dúvida
sobre a reencarnação, pela sua maturidade espiritual.
Muitas religiões que têm suas raízes em um passado distante, se
não mudaram pela força do progresso, deverão caducar e desaparecer. Como
exemplo, observemos o politeísmo: ele somente tem alguma sustentação nos seus
velhos componentes e nas religiões que receberam seus enxertos. Mas, as demais,
aceitam somente um Deus, único e verdadeiro.
Aos judeus devemos essa segurança doutrinária de uma só luz que
comanda todas as outras. Os chamados deuses não morreram; eles são os agentes
do verdadeiro Deus, que por eles opera em todos os lugares da criação.
Não pensemos que o homem atual, e mesmo os espiritualistas, já
dominam toda a verdade. Não, eles estão longe de saber mais à frente, coisas
que somente os Espíritos sublimados conhecem. Somente o tempo e o estudo trarão
o conhecimento, porque a maturidade fornece meios para que o homem possa
suportar mais luz em seus caminhos.
Até mesmo no meio dos espiritistas existem os conservadores, que
não desejam sair do começo doutrinário, sendo que a Doutrina é progressiva e
progressista, e a razão nos fala que deve ser assim.
Se a verdade é relativa, o que se deve pensar sobre o que já se
conhece? Oremos, meditemos e estudemos, para que possamos assimilar mais
verdades espirituais, que se encontram escondidas nas dobras do tempo. A
perfeição para o homem custa muito caro, milênios que sucedem milênios, bilhões
de anos que sucedem bilhões de anos, na contagem humana, e mesmo assim, ainda
lhes sobra tempo para dizer: - Quero aprender mais.
O aprendizado, na verdade, é infinito, ante o nosso Deus único
que sabe tudo, e o progresso não o atinge, porque foi Ele quem o fez.
668. Tendo-se produzido em todos os tempos e sendo
conhecidos desde as primeiras idades do mundo, não haverão os fenômenos
espíritas contribuído para a difusão da crença na pluralidade dos deuses?
“Sem dúvida, porquanto, chamando deus a tudo o que era
sobre-humano, os homens tinham por deuses os Espíritos. Daí veio que, quando um
homem, pelas suas ações, pelo seu gênio, ou por um poder oculto que o vulgo não
lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam dele um deus e, por sua
morte, lhe rendiam culto.” (603)
A.K.: A palavra deus tinha, entre os antigos, acepção
muito ampla. Não indicava, como presentemente, uma personificação do Senhor da
Natureza. Era uma qualificação genérica, que se dava a todo ser existente fora
das condições da Humanidade. Ora, tendo-lhes as manifestações espíritas
revelado a existência de seres incorpóreos a atuarem como potência da Natureza,
a esses seres deram eles o nome de deuses, como lhes damos atualmente o de Espíritos.
Pura questão de palavras, com a única diferença de que, na ignorância em que se
achavam, mantida intencionalmente pelos que nisso tinham interesse, eles
erigiram templos e altares muito lucrativos a tais deuses, ao passo que hoje os
consideramos simples criaturas como nós, mais ou menos perfeitas e despidas de
seus invólucros terrestres. Se estudarmos atentamente os diversos atributos das
divindades pagãs, reconheceremos, sem esforço, todos os de que vemos dotados os
Espíritos nos diferentes graus da escala espírita, o estado físico em que se
encontram nos mundos superiores, todas as propriedades do perispírito e os
papéis que desempenham nas coisas da Terra. Vindo iluminar o mundo com a sua
divina luz, o Cristianismo não se propôs destruir uma coisa que está na
Natureza. Orientou, porém, a adoração para Aquele a quem é devida. Quanto aos
Espíritos, a lembrança deles se há perpetuado, conforme os povos, sob diversos
nomes, e suas manifestações, que nunca deixaram de produzir-se, foram
interpretadas de maneiras diferentes e muitas vezes exploradas sob o prestígio
do mistério. Enquanto para a religião essas manifestações eram fenômenos
miraculosos, para os incrédulos sempre foram embustes. Hoje, mercê de um estudo
mais sério, feito à luz meridiana, o Espiritismo, escoimado das idéias
supersticiosas que o ensombraram durante séculos, nos revela um dos maiores e
mais sublimes princípios da Natureza.
Questão 668 – Comentário de Miramez:
PLURALIDADE DOS DEUSES
Não podemos negar que a crença nos deuses era um caminho para
que o povo pudesse encontrar um só Deus, verdadeiro e justo. Como acreditar na
unidade de Deus sem os meios lícitos e lógicos? Quem iria facultar esse
entendimento seria o próprio Criador, cujos emissários se manifestaram por
intermédio de Moisés, como se fossem a voz de Deus.
Quanto mais a criatura cresce em Espírito, mais vai sabendo de
onde veio e para onde vai; no entanto, ainda há muitos segredos que ainda não
foram revelados, por não ter chegado a hora. Devemos esperar trabalhando e
sentindo a Vida Maior na nossa vida. As religiões se sucedem, cada uma trazendo
meios para convencer a humanidade sobre a paternidade do Deus único e soberano.
Para se conhecer Deus com maior interesse, com mais minuciosidade,
o caminho é começarmos a estudar nós mesmos. Qual dos homens conhece o
mecanismo do corpo físico na sua integral postura como foi criado pela
Divindade? E os outros corpos que o Espírito usa na sua jornada evolutiva? E o
Espírito? Se ainda não passamos por esses caminhos de conhecimento, como
pretendemos conhecer a Deus? Se queremos saber, na profundidade, quem é Deus,
receberemos a mesma resposta de sempre:
Deus é Espírito,
Deus é amor,
Deus é luz.
Deus está em tudo
e tudo se move por Seu intermédio.
Deus é o Sol da vida.
Tudo está certo, na pauta da vida. Foi pela crença nos deuses
que o homem passou a crer no invisível; foi quando esses deuses ficaram
visíveis para os homens que eles descobriram que ninguém morre, e muitas coisas
existem que a humanidade, depois do preparo, vai descobrir.
Somente sabe tudo, quem tudo fez. Somente Deus conhece a Si
mesmo, na sua totalidade. A Doutrina dos Espíritos surgiu no mundo para dar a
conhecer, nas claridades da sua sinceridade, certas leis que as outras
religiões não conhecem ou não puderam revelar. Os caminhos estão abertos para
tais conhecimentos, onde o impulso de perguntar encontre mais respostas, e
satisfaça a curiosidade, aprendendo mais alguma letra depois do alfabeto da
vida.
Há muitos que julgam a Deus, achando que Ele deveria ser desta
ou aquela forma, sem, contudo, atinar na profundidade das mesmas leis criadas
por Ele, leis de amor e misericórdia. Tudo está certo; o que está errado é o
julgamento apressado das coisas que se desconhecem.
Procuremos meditar na vida, que o mundo espiritual não nos
deixará sem apoio. Ele abre as portas do entendimento e sacia a fome dos que
oram com sinceridade, buscando o alimento espiritual.
O povo, em geral, gosta das coisas fáceis, onde não existe
esforço próprio; isso é um mal dos Espíritos rodeados de paixões inferiores. As
próprias interpretações do Evangelho sofrem influência dos homens desse tipo.
Vejamos o que Marcos anotou no capítulo treze, versículo vinte e seis:
Então verão o filho do homem vir nas nuvens, com
grande poder e glória.
Quantas religiões ainda estão esperando Jesus voltar sobre as
nuvens, com a Sua comitiva celestial, para levar os que O aceitaram, do modo
que o fanatismo interpreta essa aceitação? Para elas, não existe esforço; basta
crer. É a fé sem obras, e esses enganam a si mesmos. A volta do Cristo referida
pelo Evangelho se dará nos céus da consciência, e nas nuvens das boas obras. O
Mestre não voltará de uma só vez para toda a humanidade; a Sua volta, desta
vez, é em particular, no silêncio de cada alma.
669. Remonta à mais alta antigüidade o uso dos
sacrifícios humanos. Como se explica que o homem tenha sido levado a crer que
tais coisas pudessem agradar a Deus?
“Principalmente, porque não compreendia Deus como sendo a
fonte da bondade. Nos povos primitivos a matéria sobrepuja o espírito; eles se
entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são
cruéis; é que neles o senso moral, ainda não se acha desenvolvido. Em segundo
lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma criatura animada
muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material. Foi isto que os
levou a imolarem, primeiro, animais e, mais tarde, homens. De conformidade com
a falsa crença que possuíam, pensavam que o valor do sacrifício era
proporcional à importância da vítima. Na vida material, como geralmente a
praticais, se houverdes de oferecer a alguém um presente, escolhê-lo-eis sempre
de tanto maior valor quanto mais afeto e consideração quiserdes testemunhar a
esse alguém. Assim tinha que ser, com relação a Deus, entre homens ignorantes.”
a) - De modo que os sacrifícios de animais precederam os
sacrifícios humanos?
“Sobre isso não pode haver a menor dúvida.”
b) - Então, de acordo com a explicação que vindes de dar,
não foi de um sentimento de crueldade que se originaram os sacrifícios humanos?
“Não; originaram-se de uma idéia errônea quanto
à maneira de agradar a Deus. Considerai o que se deu com Abraão. Com o correr
dos tempos, os homens entraram a abusar dessas práticas, imolando seus inimigos
comuns, até mesmo seus inimigos particulares. Deus, entretanto, nunca exigiu
sacrifícios, nem de homens, nem, sequer, de animais. Não há como imaginar-se
que se Lhe possa prestar culto, mediante a destruição inútil de Suas
criaturas.”
Questão 669 – Comentário de Miramez:
SACRIFÍCIOS HUMANOS
Os sacrifícios humanos, nos primórdios da civilização, tiveram a
sua origem na necessidade e na ignorância dos homens, em seu empenho em agradar
às divindades, o que caracterizou a aceitação de sua dependência a algo
superior a eles. Acreditavam nos deuses sem submeter a exame o que eles diziam,
pondo de lado o raciocínio, e assim como ouviam, assim praticavam. É certo que,
em muitos casos, influíram na interferência de Espíritos ligados a paixões
inferiores.
Já no que tange ao Espiritismo, as comunicações foram submetidas
ao exame rigoroso, e muitas das mensagens recebidas pelos médiuns na época da
codificação foram para a cesta de rascunhos, abandonadas como lixo imprestável.
Sempre existiram os falsos profetas junto aos verdadeiros.
Um dos deuses, chamado Moloc, exigia carne humana para resolver
os problemas materiais dos homens que serviam de instrumentos para a sua
presença; depois passaram para sacrifícios de animais, ato impudico que até
hoje, no século vinte, acontece, expressando a barbaridade de uma civilização.
Depois que a razão começou a dominar os instintos inferiores das criaturas,
foram diminuindo esses feitos que envergonham as consciências dos que
alimentavam a idéia de sacrifício, e quando este chegava apontando um ente
querido seu, ele começava a se revoltar e se desfazer das suas idéias
maquiavélicas.
A humanidade cresce e, pela lei, devem crescer com ela os seus
hábitos. O homem do terceiro milênio deve ser um homem novo, nascido do velho,
que se esquecerá de sua própria história, pela sua renovação de propósitos.
Deus realmente não quer sacrifícios, mas aceitou-os para que os homens
compreendessem mais tarde que não deveriam proceder assim.
O instinto do homem é matar para sobreviver, é tomar de outrem
para seu bem-estar, é, enfim, a manifestação do egoísmo e do orgulho em todos os
lados da evolução humana. Quanto mais o país se diz civilizado, mais vive à
custa dos sacrifícios dos subdesenvolvidos. E por isso Jesus veio ao cenário da
Terra: para educar todos os .povos, porque o ser humano educado obedece às leis
de Deus na sua pureza espiritual. Foi entregue ao Espiritismo a missão de
educar a criatura, no sentido de que quando ela recebe a instrução, a utilize
somente para o bem das criaturas.
"O céu", disse Jesus, "está dentro de vós",
e realmente ele se encontra no coração das pessoas; basta que a vontade de
melhorar seja acionada, para que isso se exteriorize, e para tanto, a natureza
pede esforço próprio. Desde quando já recebemos a razão e a inteligência, é
para que nos sirvamos delas no serviço de disciplina dos nossos impulsos
inferiores. A parte que nos cabe deveremos f aze-Ia para o nosso próprio bem e
da humanidade inteira.
Os sacrifícios dos animais precederam aos sacrifícios humanos, e
de novo eles desejam voltar, como pena de morte, e morte de todos os tipos,
como se este tipo de punição fosse agradável a Deus. Se todos somos irmãos em
Jesus Cristo, matar para que, se ninguém morre? Se Jesus fosse ver esse modo de
pensar, não viria à Terra, mas, o que O trouxe aqui foi o Seu amor pelos que
sofrem Ele não mandou matar os encarcerados e, sim, visitá-los, levando-lhes a
esperança da vida e fazendo-os crer na lei de amor para todas as criaturas.
Estamos na época de sacrificar nossas paixões
inferiores, dando lugar, assim, à fraternidade. Somente desta maneira surgirão
novas terras e novos céus, onde tudo poderá existir com abundância.
Livro “A Caminho da Luz” - Emmanuel
O POVO DE ISRAEL
ISRAEL
Dos Espíritos degredados na
Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea,
mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações.
Examinando esse povo notável no
seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na
existência de deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas
concepções da verdade e da vida.
Consciente da superioridade de
seus valores, nunca perdeu oportunidade de demonstrar a sua vaidosa
aristocracia espiritual, mantendo-se pouco acessível à comunhão perfeita com as
demais raças do orbe. Entretanto, em honra da verdade, somos obrigados a reconhecer
que Israel, num paradoxo flagrante, antecipou-se às conquistas dos outros
povos, ensinou de todos os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e
imorredoura. Sem pátria e sem lar, esse povo heróico tem sabido viver em todos
os climas sociais e políticos, exemplificando a solidariedade humana nas
melhores tradições de trabalho; sua existência histórica, contudo, é uma lição
dolorosa para todos os povos do mundo, das conseqüências nefastas do orgulho e
do exclusivismo.
MOISÉS
As lendas da Torre de Babel não
representam um mito nas páginas antigas do Velho Testamento, porque o exílio na
terra não pesou tanto às outras raças degredadas quanto na alma orgulhosa dos
judeus, inadaptados e revoltados num mundo que os não compreendia. Sem
procurarmos os seus antepassados, anteriores a Moisés, vamos encontrar o grande
legislador hebreu saturando-se de todos os conhecimentos iniciáticos, no Egito
antigo, onde o seu espírito recebeu primorosa educação, à sombra do prestígio
de Termútis, cuja caridade fraterna o recolhera.
Moisés, na sua qualidade de mensageiro
do Divino Mestre, procura então concentrar o seu povo para a grande jornada em
busca da Terra da Promissão. Médium extraordinário, realiza grandes feitos ante
os seus irmãos e companheiros maravilhados. É quando então recebe, de
emissários do Cristo, no Sinai, os dez sagrados mandamentos que, até hoje,
representam a base de toda a justiça do mundo.
Antes de abandonar as lutas da
Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega à posteridade as suas
tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais elevada ciência
religiosa de todos os tempos, para as coletividades porvindouras.
O JUDAÍSMO E O CRISTIANISMO
Estudando-se a trajetória do
povo israelita, verifica-se que o Antigo testamento é um repositório de
conhecimentos secretos, dos iniciados do povo judeu, e que somente os grandes
mestres da raça poderiam interpretá-lo fielmente, nas épocas mais remotas.
Eminentes espiritualistas
franceses, nestes últimos tempos, procuraram penetrar os seus obscuros segredos
e, todavia, aproximando-se da realidade com referência às interpretações, não
lhes foi possível solucionar os vastos problemas que as suas expressões oferecem.
Os livros dos profetas
israelitas estão saturados de palavras enigmáticas e simbólicas, constituindo
um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta dos hebreus. Contudo, e
não obstante a sua feição esfingética, é no conjunto um poema de eternas claridades.
Seus cânticos de amor e de esperança atravessam as eras com o mesmo sabor indestrutível
de crença e de beleza. É por isso que, a par do Evangelho, está o Velho Testamento
tocado de clarões imortais, para a visão espiritual de todos os corações. Uma perfeita
conexão reúne As duas Leis, que representam duas etapas diferentes do progresso
humano. Moisés, com a expressão rude da sua palavra primitiva, recebe do mundo
espiritual as leis básicas do Sinai, construindo desse modo o grande alicerce
do aperfeiçoamento moral do mundo; e Jesus, no Tabor, ensina a humanidade a
desferir, das sombras da Terra, o seu vôo divino para as luzes do Céu.
O MONOTEÍSMO
O que mais admira, porém,
naquelas tribos nômadas e desprotegidas, é a fortaleza espiritual que lhes
nutri a fé nos mais arrojados e espinhosos caminhos. Enquanto a civilização
egípcia e os iniciados hindus criavam o politeísmo para satisfazer os
imperativos da época, contemporizando com a versatilidade das multidões, o povo
de Israel acreditava somente na existência do Deus Todo-Poderoso, por amor do
qual aprendia a sofrer todas as injúrias e a tolerar todos os martírios.
Quarenta anos no deserto
representaram para aquele povo como que um curso de consolidação da sua fé,
contagiosa e ardente. Seguiu-lhe Jesus todos os passos, assistindo-o nos mais
delicados momentos de sua vida e foi ainda, sob o pálio da sua proteção, que se
organizaram os reinos de Israel e de Judá, na Palestina.
Todas as raças da Terra devem
aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus Único, Pai
de todas as criaturas e Providência de todos os seres. O grande legislador dos
hebreus trouxera a determinação de Jesus, com respeito à simplificação das
fórmulas iniciáticas, para compreensão geral do povo; a missão de Moisés foi
tornar acessíveis ao sentimento popular as grandes lições que os demais
iniciados eram compelidos a ocultar. E, de fato, no seio de todas as grandes
figuras da antiguidade, destaca-se o seu vulto como o primeiro a rasgar a
cortina que pesa sobre os mais elevados conhecimentos, filtrando a luz da
verdade religiosa para a alma simples e generosa do povo.
Livro “Emmanuel” - Emmanuel
II - A ASCENDÊNCIA DO
EVANGELHO
Nenhuma expressão fornece imagem
mais justa do poder d’Aquele a quem todos os espíritos da Terra rendem culto do
que a de João, no seu Evangelho – “No princípio era o Verbo...” Jesus, cuja
perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria
e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando
os seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e,
assim como presidiu à formação do orbe, dirigindo, como Divino Inspirador, a
quantos colaboraram na tarefa da elaboração geológica do planeta e da
disseminação da vida em todos os laboratórios da Natureza, desde que o homem
conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a idéias da sua divina origem, o
tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do espírito, revelando-lhe, em
cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger.
Em tempos remotos, quando os
homens, fisicamente, pouco dessemelhavam dos antropopitecos, suas manifestações
de religiosidade eram as mais bizarras, até que, transcorridos os anos, no
labirinto dos séculos, vieram entre as populações do orbe os primeiros
organizadores do pensamento religioso que, de acordo com a mentalidade geral, não
conseguiram escapar das concepções de ferocidade que caracterizavam aqueles
seres egressos do egoísmo animalesco da irracionalidade. Começaram aí os
primeiros sacrifícios de sangue aos ídolos de cada facção, crueldades mais
longínquas que as praticadas nos tempos de Baal, das quais tendes notícia pela
História.
AS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
Vamos encontrar, historicamente,
as concepções mais remotas da organização religiosa na civilização chinesa, nas
tradições da índia védica e bramânica, de onde também se irradiaram as
primeiras lições do culto dos mortos, na civilização resplandecente dos faraós,
na Grécia com os ensinamentos órficos e com a simbologia mitológica, existindo
já grandes mestres, isolados intelectualmente das massas, a quem ofereciam os
seus ensinos exóticos, conservando o seu saber de iniciados no círculo restrito
daqueles que os poderiam compreender devidamente.
OS MISSIONÁRIOS DO CRISTO
Fo-Hi, os compiladores dos
Vedas, Confúcio, Hermes, Pitágoras, Gautama, os seguidores dos mestres da
antiguidade, todos foram mensageiros de sabedoria que, encarnando em ambientes
diversos, trouxeram ao mundo a idéia de Deus e das leis morais a que os homens se
devem submeter para a obtenção de todos os primores da evolução espiritual.
Todos foram mensageiros dAquele que era o Verbo do Princípio, emissários da sua
doutrina de amor. Em afinidade com as características da civilização e dos
costumes de cada povo, cada um deles foi portador de uma expressão do “amai-vos
uns aos outros”. Compelidos, em razão do obscurantismo dos tempos, a revestir
seus pensamentos com os véus misteriosos dos símbolos, como os que se conheciam
dentro dos rigores iniciáticos, foram os missionários do Cristo preparadores
dos seus gloriosos caminhos. A LEI MOSAICA A lei mosaica foi a precursora
direta do Evangelho de Jesus. O protegido de Termutis, depois de se beneficiar
com a cultura que o Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todos os
elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e
estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são até
hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito, se bem que as
doutrinas antigas já tivessem arraigado a crença de Deus único, sendo o
politeísmo apenas uma questão simbológica, apta a satisfazer à mentalidade
geral.
A legislação de Moisés está
cheia de lendas e de crueldades compatíveis com a época, mas, escoimada de
todos os comentários fabulosos a seu
respeito, a sua figura é, de fato, a de um homem extraordinário, revestido dos
mais elevados poderes espirituais. Foi o primeiro a tornar acessíveis às massas
populares os ensinamentos somente conseguidos à custa de longa e penosa
iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades.
XV - A IDÉIA DA
IMORTALIDADE
Embalde os corifeus do ateísmo
propagarão as suas amargas teorias, cujo objetivo é o aniquilamento da idéia da
imortalidade entre os homens; embalde o ensino de novos sistemas de educação,
dentro das inovações dos códigos políticos, tentará sufocá-la, porque todas as
criaturas nascem na Terra com ela gravada nos corações, inclusive os pretensos
incrédulos, cuja mentalidade, não conseguindo solucionar os problemas complexos
da vida, se revolta, imprecando contra a sabedoria suprema, como se os seus gritos
blasfematórios pudessem obscurecer a luz do amor divino, estacando os sublimes
mananciais da vida. Pode a
política obstar à sua manifestação, antepondo-lhe forças coercitivas: a idéia
da imortalidade viverá sempre nas almas, como a aspiração latente do Belo e o
do Perfeito. Acima do poder temporal dos governantes e da moral duvidosa dos
pregadores das religiões, ela continuamente prosseguirá dulcificando os
corações e exaltando as esperanças, porque significa em si mesma o luminoso
patrimônio da alma encarnada, como recordação perene da sua vida no Além,
simbolizando o laço indestrutível que une a existência terrena à Vida Eterna,
vislumbrada, assim, pela sua memória temporariamente amortecida.
A IDÉIA DE DEUS
Desde os pródromos da
Civilização a idéia da imortalidade é congênita no homem. Todas as concepções
religiosas da mais remota antigüidade, se bem que embrionárias e grosseiras em
suas exteriorizações, no-la atestam. Entre as raças bárbaras abundaram as
idéias terroristas de um Deus, cuja cólera destruidora se abrandaria à custa
dos sacrifícios humanos e dos holocaustos de sangue, e, por toda a parte, onde
homens primitivos deixaram os vestígios de sua passagem, vê-se o sinal de uma
divindade a cuja providência e sabedoria as criaturas entregavam confiadamente
os seus destinos.
Paz e Luz!
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Paz e Luz!
Laura