Lindo"

sábado, 20 de julho de 2013

Aula: Dar de graça o que de graça receber



Aula: Dar de graça o que de graça receber.
Bibliografia: Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 26
I.      Prece.
  II. Acolhida e Harmonização.  Duração – no máximo cinco minutos.
1 – Exercício: Colocar um cd com música bem suave. Quando as crianças entrarem na sala, pedir para se postarem em círculo, fecharem os olhos e prestar atenção na música.
2 – Relaxamento e respiração:
Obtido o relaxamento muscular, cada um passa a concentrar sua atenção na respiração, inspirando naturalmente, com a boca cerrada, retendo o ar um pouco e expirando, abrindo suavemente os lábios.
Este método de respiração, utilizado diariamente possibilita uma renovação orgânica e, em consequência, maior vitalidade.
 III. Atividades
1)    Apresentar o tema da aula
Hoje nós vamos refletir um pouco sobre os muitos dons que Deus nos concedeu. Vocês podem me dizer alguns?
(Incentivar as crianças a identificarem os dons que possuem. Você conhece seus Evangelizandos, estimule-os a dizer os dons uns dos outros e a identificarem seus próprios dons.)
Pois bem, ao criá-los, Deus cobrou alguma taxa de vocês para lhes conceder esses dons?
Já pensou se Ele cobrasse? (identificar o Evangelizando), você vai ter que pagar R$20,00 para ser (citar o dom)... proceder assim algumas vezes.
Vamos escutar agora uma história de um menininho que tinha um dom muito especial e descobrir o que aconteceu.
2)    Contar a seguinte história:

Juca tinha 8 para 9 anos quando isso aconteceu. Foi assim: 
Um dia sua irmã menor, a Carolina, ficou muito doente. Tão fraquinha, quase não se mexia, deitada na caminha naquela casa pobre. Além disso, a família de Juca, seu pai, sua mãe e seus irmãos moravam no meio do mato, os vizinhos eram distantes e eles não tinham recursos, nem médico, nem nada. Alguns vizinhos até achavam que a Carolina não passaria daquela noite. 
Juca adorava sua irmã, então resolveu fazer uma prece por ela, uma prece que sua avó ensinara. Ficou ao lado dela, no chão, orando e pedindo a Deus que curasse a sua irmãzinha, que ela ficasse completamente boa. Naquela noite ele orou, orou com toda força e fé e só adormeceu pouco antes do sol nascer. 
Quando ia adormecendo, percebeu que entrava no quarto uma moça de branco, muito bonita acompanhada de outras moças que se aproximaram de Carolina. Juca entendeu que era a médica e as enfermeiras que ele pedira em sua oração e que Jesus enviara para curar sua irmãzinha. 
Quando ele acordou, de manhãzinha, foi uma festa: Carolina estava curada. Então contou a todos como foi que aconteceu e a notícia logo se espalhou.  
Veio gente de longe para conhecer o menino que tinha uma oração tão poderosa: todos o elogiavam e começaram a pedir as orações de Juca. 
A vaidade de Juca foi crescendo... 
Foi aí que ele começou a pensar assim: todos queriam suas orações, ele não era rico e seu pai e sua mãe tinham que trabalhar na lavoura e ele também. Se começasse a cobrar pelas orações, ninguém mais em sua casa precisaria trabalhar, todos teriam uma vida folgada e ele ficaria rico! 
Assim pensou e assim fez. Começou a cobrar e ganhar dinheiro. 

Juca "vendia" suas orações de acordo com o tamanho e a função. 
O povo da redondeza era muito pobre e não podia pagar. Pois Juca foi ficando exigente: ou pagavam, ou não atendia. E assim, ganhou tanto dinheiro que chegou a construir uma nova casa. 

Só que os problemas foram aparecendo, as brigas e as discussões por dinheiro começaram a piorar, até entre seus pais e seus irmãos que quase não se entendiam mais. 
Em sua ganância, Juca não percebia muita coisa: não percebia, por exemplo, que a médica e as enfermeiras que o ajudavam desde aquela primeira vez não apareciam mais, estavam se afastando, e que as próprias orações que ele fazia tinham se transformado em coisas vazias, simples obrigações desagradáveis e, devagarzinho, estavam perdendo toda a sua força. 

Mas o pior de tudo é que Juca não aceitava alguém dizer que ele exigia pagamento por um dom que recebera de graça de Deus. Não percebeu que, quando se negou a orar de graça pelos pobres da redondeza, alguns espíritos das trevas começaram a se aproximar de sua vida e afastaram sua amiga médica e as enfermeiras que eram Espíritos de Luz, seus protetores. Aqueles maus Espíritos que agora cercam Juca, eram antigos inimigos que buscavam vingança dele e de sua família. 

Nós não sabemos como a história de Juca terminou, se ele se corrigiu e voltou a praticar a verdadeira caridade ou se permaneceu afastado de Deus, mas não queremos que tenha um final triste. 
Por isso, vamos todos juntos vibrar para que ele e todas as pessoas no mundo que agem dessa maneira encontrem o caminho do amor ao próximo, ajudando os mais necessitados de maneira desinteressada para que voltem a receber a visita dos Espíritos Elevados, que mesmo nunca nos abandonando, às vezes não podem nos ajudar por nossa própria culpa.

3) Explicar a história e levar as crianças a dizerem o que acham sobre o tema. Pedir que respondam ao seguinte questionário, depois, conversar bastante sobre cada resposta dada, correlacionando-a com os ensinamentos da aula de hoje. (Para os alunos menores ler as perguntas adaptando-as à sua compreensão).
4) Distribuir um coração para cada Evangelizando. Pedir que eles anotem seu nome no coração o nome do dom que possuem. Depois, juntar todos os corações e pedir que eles imaginem um projeto onde possam ser utilizados os dons de todos, em conjunto, em prol de um objetivo caridoso. Sugiro aproveitar a visita ao asilo como ponto de partida do projeto. Dependendo dos dons de cada um a Evangelizadora pode auxiliá-los a planejar um sarau, onde um cante, outro recite uma poesia, outro dance, todos apresentem uma peça teatral, confeccionem lembranças para levar aos vovôs e vovós, etc.

5) Arte:
Nós temos a felicidade de conhecer uma pessoa que, durante toda a sua vida, de quase 100 anos, colocou seus dons a serviço do Mestre Jesus e do próximo, sem nunca cobrar nem aceitar receber nada por isso. Vocês se lembram de quem é? Isso, nosso amado Chico Xavier. Vamos nos lembrar de algumas histórias que ouvimos sobre ele?
Vamos agora pintar um quadro bem bonito desse nosso irmão, que foi exemplo de dar de graça o que de graça receber:

6) Cantar a música “Paz pela paz” de Nando Cordel:

A paz do mundo
Começa em mim
Se eu tenho amor,
Com certeza sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão,
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz
Ninguém suporta mais o desamor
Paz pela paz - pelas crianças
Paz pela paz - pelas florestas
Paz pela paz - pela coragem de mudar.
Paz pela paz - pela justiça
Paz pela paz - a liberdade
Paz pela paz - pela beleza de te amar.
(repetir a 1ª estrofe)
Paz pela paz - pro mundo novo
Paz pela paz - a esperança
Paz pela paz - pela coragem de mudar.
Paz pela paz - pela justiça
Paz pela paz - a liberdade
Paz pela paz - pela beleza de te amar.
Subsídios para o Evangelizador

Mediunidade - dar de graça o que de graça se recebeu

Por que Jesus recomendou a seus discípulos para que dessem de graça o que de graça receberam? Com que finalidade a mediunidade é concedida tanto a pessoas dignas como indignas? Quando se faz comércio com tal faculdade, ela verdadeiramente se presta ao socorro e à ajuda ao próximo? A mediunidade é a marca da grandeza espiritual do medianeiro?
No Evangelho de Mateus (10:1-10), temos:
             Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades (de acordo com os postulados espíritas, podemos deduzir que Jesus apenas estimulou em seus discípulos uma faculdade que eles já traziam em estado latente). Ora, os nomes dos dozes apóstolos são estes: Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas, que foi quem o traiu.
            A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: (...) Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebeste, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador de seu alimento. [1] 
          Nessas palavras, podemos constatar que Jesus, ao estimular em seus discípulos os dons mediúnicos – ou seja, a capacidade de curar os mais diversos tipos de males, tanto os físicos como os espirituais –, alertou-os a que se abstivessem do usufruto de vantagens materiais na execução de tal tarefa. E o porquê dessa recomendação? Para que seus discípulos se conscientizassem da importância da generosidade que deve prevalecer entre todos os indivíduos, bem como da necessidade de não se buscarem motivações interesseiras no socorro que se presta a outrem. Somente assim é que eles, verdadeiramente, se tornariam dignos do bem que estariam praticando.
         A mediunidade, quando conduzida de forma abnegada, trata-se de valioso instrumento de disseminação do bem. E nessa sua associação com a benevolência e a generosidade, Allan Kardec assim a define:
             A mediunidade se prende a uma disposição orgânica da qual todo homem pode estar dotado, como a de ver, de ouvir, de falar.
          (...) A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz em todas as fileiras, em todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos sábios para os fortalecer no bem, aos viciosos para os corrigir.
            (...) A mediunidade não implica, necessariamente, em intercâmbio habitual com os Espíritos superiores; é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos flexível aos Espíritos em geral. O bom médium não é, pois, aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos, e não é assistido senão por eles.  É neste sentido somente que a excelência das qualidades morais tem tanto poder sobre a mediunidade.  [2] 
          A mediunidade, patrimônio da alma imortal, é uma faculdade inerente a uma disposição orgânica, que se manifesta em maior ou menor estado de desenvolvimento, não implicando necessariamente relações habituais com os Espíritos Superiores.
         Na realidade, tal aptidão permite ao indivíduo encarnado – isto é, aquele que se encontra vivendo no mundo material – registrar vibrações, radiações ou estímulos que não podem ser captados por nenhum dos cinco sentidos, bem como servir de instrumento mais ou menos flexível aos habitantes do mundo espiritual. Trata-se, portanto, de uma habilidade profunda e complexa, cujo surgimento em uma pessoa não depende de idade, sexo, condição social ou filiação religiosa.
          A faculdade medianímica prende-se ao organismo; ela é independente das qualidades morais do médium, e é encontrada nos mais indignos como nos mais dignos. [3]
         A faculdade medianímica é um dom de Deus, como todas as outras faculdades, que se pode empregar para o bem, como para o mal, e da qual se pode abusar. Ela tem por objeto nos colocar em comunicação direta com as almas daqueles que viveram, a fim de receber seus ensinamentos e nos iniciar na vida futura. Como a vista nos põe em comunicação com o mundo visível, a mediunidade nos coloca em comunicação com o mundo invisível. Aquele que dela se serve com fim útil, para seu próprio adiantamento e o dos seus semelhantes, cumpre uma verdadeira missão, da qual terá a recompensa. Aquele que dela abusa e a emprega em coisas fúteis ou no objetivo do interesse material, a desvia do seu fim providencial, suportando disso, cedo ou tarde, as consequências, como aquele que faz mau uso de uma faculdade qualquer. [4] 
          Nessas considerações, podemos encontrar a possível motivação da advertência de Jesus. Ele sabia que se seus discípulos não fossem suficientemente firmes em suas responsabilidades perante os necessitados, poderiam desvirtuar-se, principalmente se deixassem seduzir-se pelos atrativos, ilusões e facilidades da vida material.
         Nesse sentido, o escritor espírita francês Léon Denis, poeticamente assim se expressa: 
            A mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar necessita de acuradas precauções e assíduos cuidados. Exige o método, a paciência, as altas aspirações, os sentimentos nobres. [5] 
            (...) Mercadejar com a mediunidade é dispor de uma coisa de que se não é dono; é abusar da boa vontade dos mortos, pô-los a serviço de uma obra indigna deles e desviar o Espiritismo de seu fim providencial. [6]
          Os postulados espíritas professam que a mediunidade representa um importante e útil instrumento de Deus para alívio e instrução dos seres humanos, pois pode servir de veículo aos pensamentos e às idéias dos Espíritos Superiores. Porém, para ser colocada a serviço da benevolência e da generosidade, ela requer do médium um exercício bastante disciplinado, uma vida íntima ativa e bem direcionada, um consistente conhecimento do seu mecanismo e da sua estrutura, além da sintonia com as Esferas Superiores. No entanto, via de regra, é oportunidade de reabilitação e de evolução do próprio medianeiro, em virtude de ela ser concedida tanto aos dignos como aos indignos. 
         A mediunidade, longe de ser a marca da nossa grandeza espiritual, é, ao contrário, o indício de renitentes imperfeições. Representa, por certo, uma faculdade, uma capacidade concedida pelos poderes que nos assistem, mas não no sentido humano, como se o médium fosse colocado à parte e acima dos vis mortais, como seres de eleição. É, antes, um ônus, um risco, um instrumento com o qual o médium pode trabalhar, semear e plantar, para colher mais tarde, ou ferir-se mais uma vez, com a má utilização dos talentos sobre os quais nos falam os Evangelhos. O médium foi realmente distinguido com o recurso da mediunidade, para produzir mais, para apressar ou abreviar o resgate de suas faltas passadas. Não se trata de um ser aureolado pelo dom divino, mas depositário desse dom, que lhe é concedido em confiança, para uso adequado. Enfim: o médium utiliza-se de uma aptidão que não faz dele um privilegiado, no sentido de colocá-lo, na escala dos valores, acima dos seus companheiros desprovidos dessas faculdades. [7]
 Mediunidade gratuita
7. Os médiuns modernos – porque os apóstolos também tinham mediunidade – igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para vender-lhes palavras que não lhes pertencem, porque não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal. Deus quer que a luz alcance a todos; não quer que o mais pobre dela seja deserdado de possa dizer: Eu não tenho fé porque não pude pagá-la; não tive a consolação de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles que choro porque sou pobre. Eis porque a mediunidade não é privilégio, e se encontra por toda a parte; fazê-la pagar seria, pois, desviá-la da sua finalidade providencial.
9. Ao lado da questão moral, se apresenta uma consideração efetiva, não menos importante, que se prende à própria natureza da faculdade. A mediunidade séria não pode ser, e não será jamais, uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo comparada aos ledores de sorte, mas porque um obstáculo material a isso se opõe; é uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável, com a permanência da qual ninguém pode contar. (...) Mas a mediunidade não é uma arte, nem um talento, por isso ela não pode tornar-se uma profissão; não existe senão pelo concurso dos Espíritos; se esses Espíritos faltarem, não há mais mediunidade; a aptidão pode subsistir, mas o exercício está anulado; assim, não há um só médium no mundo que possa garantir a obtenção de um fenômeno espírita em dado instante. Explorar a mediunidade é, pois, dispor de uma coisa da qual não se é realmente senhor; afirmar o contrário é enganar aquele que paga; há mais, não é de si mesmo que se dispõe, são dos Espíritos, das almas dos mortos, cujo concurso é posto à venda; esse pensamento repugna instintivamente. Foi esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, a ignorância, a credulidade e a superstição que motivou a proibição de Moisés. O Espiritismo moderno, compreendendo o lado sério da coisa, pelo descrédito que lançou sobre a exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão (Ver O Livro dos Médiuns, capítulo XXVIII; O Céu e o Inferno, capítulo XII).
10. A mediunidade é uma coisa santa que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requer essa condição de forma ainda mais absoluta, é a mediunidade curadora. O médico dá o fruto dos seus estudos, que fez ao preço de sacrifícios, frequentemente penosos; o magnetizador dá o seu próprio fluido, frequentemente mesmo a sua saúde; eles podem a isso por um preço; o médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos; ele não tem o direito de vendê-lo. Jesus e os apóstolos, conquanto pobres, não faziam pagar as curas que operavam.
Todo aquele, pois, que não tem do que viver, procure os recursos em outra parte do que na mediunidade; que não consagre a ela, se preciso for, senão o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos lhe terão em conta o devotamento e seus sacrifícios, ao passo que se afastam daqueles que esperam fazer deles um meio para subir. [8] 

 A causa geral dos desastres mediúnicos é a ausência da noção de responsabilidade e da recordação do dever a cumprir.
Quantos de vós fostes abonados, aqui (essa é um palestra que se passa no mundo espiritual, onde Telésforo está falando para alguns Espíritos que faliram em sua mediunidade, quando encarnados), por generosos benfeitores que buscaram auxiliar-vos, condoídos de vosso pretérito cruel? Quantos de vós partistes, entusiastas, formulando enormes promessas? Entretanto, não soubestes recapitular dignamente, para aprender a servir, conforme os desígnios superiores do Eterno. Quando o Senhor vos enviava possibilidades materiais para o necessário, regressáveis à ambição desmedida; ante o acréscimo de misericórdia do labor intensificado, agarrastes à idéia da existência cômoda; junto às experiências afetivas, preferistes os abusos sexuais; ao lado da família, voltastes à tirania doméstica, e aos interesses da vida eterna sobrepusestes as sugestões inferiores da preguiça e da vaidade. Destes-vos, na maioria, à palavra sem responsabilidade e à indagação sem discernimento, amontoando atividades inúteis. Como médiuns, muitos de vós preferíeis a inconsciência de vós mesmos; como doutrinadores, formuláveis conceitos para exportação, jamais para uso próprio.
Que resultado atingimos? Grandes massas batem às fontes do Espiritismo sagrado, tão só no propósito de lhe mancharem as águas. Não são procuradores do Reino de Deus os que lhe forçam, desse modo, as portas, e sim caçadores dos interesses pessoais. São os sequiosos da facilidade, os amigos do menor esforço, os preguiçosos e delinquentes de todas as situações, que desejam ouvir os Espíritos desencarnados, receosos da acusação que lhes dirige a própria consciência. O fel da dúvida invade o bálsamo da fé, nos corações bem intencionados. A sede de proteção indevida azorraga os seguidores da ociosidade. A ignorância e a maldade entregam-se às manifestações inferiores da magia negra.
Tudo por quê, meus irmãos? Porque não temos sabido defender o sagrado depósito, por termos esquecido, em nossos labores carnais, que Espiritismo é revelação divina para a renovação fundamental dos homens. [9]
 Silvia Helena Visnadi Pessenda
 REFERÊNCIAS
  [1] BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999
 [2] KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 36. ed. Araras, SP: IDE, 1995. Cap. 24. Item 12.
 [3] KARDEC, Allan. O que é o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 34. ed. Araras, SP: IDE, 1995. Cap. 2. Item 79.
 [4] Idem. Item 88.
 [5] DENIS, Léon. No invisível: espiritismo e mediunidade. Tradução de Leopoldo Cirne.15. ed.Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1994. Cap. 5. p. 67.
 [6] Idem. Cap. 24. p. 377.
 [7] MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as sombras: teoria e prática da doutrinação. 16. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2002. Cap. 2. p. 58.
 [8] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. 26. Itens 7, 9 e 10. 
[9] ANDRÉ LUIZ (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Os mensageiros. 33. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999. Cap. 6. p. 37-38. 

Paz e luz!
Laura


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Aula: Respeito às crenças e convicções alheias – desprendimento.

 Aula: Respeito às crenças e convicções alheias – desprendimento.
Bibliografia: Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 25, itens 1 a 8.
I.      Prece.
  II. Acolhida e Harmonização.  Duração – no máximo cinco minutos.
1 – Exercício: Colocar um cd com música bem suave. Quando as crianças entrarem na sala, pedir para se postarem em círculo, fecharem os olhos e prestar atenção na música.
2 – Relaxamento e respiração:
Obtido o relaxamento muscular, cada um passa a concentrar sua atenção na respiração, inspirando naturalmente, com a boca cerrada, retendo o ar um pouco e expirando, abrindo suavemente os lábios.
Este método de respiração, utilizado diariamente possibilita uma renovação orgânica e, em consequência, maior vitalidade.
 III. Atividades
1)    Apresentar o tema da aula
(Levar um globo terrestre)
Hoje nós vamos falar sobre uma coisa muito séria. Vocês sabiam que existem vários países no mundo? Pois é, cada um evoluiu por milênios. Antigamente não existiam os meios de comunicação – não havia rádio, jornal, internet nem televisão. As cidades e aldeias eram muito distantes umas das outras, assim, as pessoas de um lugar geralmente só conheciam os costumes e crenças da sua região. É, porque viaja também era muito complicado. Meios de transporte? Só cavalos, carroças e carruagens. Mesmo assim só os ricos os tinham, os pobres andavam mesmo a pé. Assim, tudo era muito longe e a comunicação entre pessoas de lugares diferentes era muito difícil.
(Parar para as crianças apreenderem o que foi dito. Tentar levá-las a imaginar ir até ao centro da cidade a pé, ou como seria uma viagem nessas condições, mesmo para uma cidade bem próxima, como entre nós é o caso de sair daqui de Volta Redonda e ir à Barra Mansa).
Imaginem então como era a comunicação entre os diversos povos! (Mostrar o globo terrestre e fazê-los compreender o quão distante eram os lugares e como era difícil a comunicação entre eles).
Pois bem, evoluindo tão longe uns dos outros, os costumes, culturas, interesses e crenças dos povos eram muito diferentes.
Isso ainda persiste até hoje. Assim, a maneira de se vestir, o modo como educam as crianças, o tipo de família e a crença dos diversos povos é diferente uns dos outros.
Só existe um Deus – vocês se lembram de que é Deus? (esperar as crianças responderem, ajudá-las a se lembrar da questão número 1 do Livro dos Espíritos: Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas).
Pois bem, todos nós já nascemos com a certeza da existência de Deus gravada em nós. Mas, devido à diversidade cultural, cada povo aprendeu a cultuar Deus de uma forma diferente – até mesmo dão-lhe nomes diferentes: para uns é Deus, nosso Pai, para outros, Alá, outros o chamam de Jeová, outros ainda cultuam uma infinidade de deuses e deusas, pois assim enxergam a ação de um Poder Superior em suas vidas.
Da mesma forma como nomeiam Deus por nomes diversos, diversas são as formas que encontram para manifestarem suas crenças. No fundo, isso não importa. Afinal, todos amam a Deus e é na oração que com Ele se comunicam: Observem como todos oram da mesma forma:

A – Umbandista
               
 B – Evangélico: 

C – Hinduísta:



D – Muçulmano:



E – Católico:



F – Judeu:
 G – Budista:

 O Dalai Lama, guia espiritual budista, disse uma frase muito linda:
“A melhor religião é aquela que faz de você um ser humano melhor”,
Ele quis dizer que não importa a forma, o importante é você evoluir.
Devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Nós ficamos tristes quando alguém fala mal de nossa religião? Sim, ficamos.
Então temos que aprender a respeitar a religião e todas as crenças diferentes que as outras pessoas têm. Afinal, todos somos irmãos, e o que importa é juntos irmos caminhando para a perfeição espiritual.
Sabemos que já vivemos várias vezes. Então, em nossas vivências passadas já devemos ter feito parte de várias denominações religiosas, todas essas vivências nos amadureceram para hoje seguirmos a doutrina dos espíritos, onde aprendemos a adorar a Deus no santuário de nossos corações. Por isso não tem os rituais, nem templos. Mas temos que respeitar os rituais e templos de todas as outras religiões, pois ali, naquela atmosfera sagrada pelas vibrações de fé e amor, as pessoas se encontram com Deus. O Espiritismo nos ensina:
 “Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar a sua crença para adotar a vossa; não lanceis o anátema sobre os que não pensam como vós. Acolhei os que vos procuram e deixem em paz os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo: antigamente o céu era tomado por violência, mas hoje o será pela caridade e a doçura.” (ESE, Cap. 25, 11).

2)    Contar a seguinte história:
A Nova Turma
Giovanna mudou-se com sua família para um novo condomínio. Era uma construção nova, onde todos iriam morar pela primeira vez.
No dia da mudança Giovanna viu várias crianças vestidas de uma forma diferente brincando no playground. Ela pensou: Será que é uma festa a fantasia?
Quando, à noitinha, finalmente terminaram de organizar as coisas, comentou com sua mamãe o que havia reparado. Sua mamãe explicou:
- Não, filhinha, não era uma festa à fantasia, eram pessoas de vários lugares que vieram morar aqui, para trabalhar na Usina. Eles pertencem \a outras religiões, e se vestem como é o costume de seus países.
No dia seguinte Giovanna desceu para brincar. Conheceu Ester, uma garotinha muito bonita e educada que era sua vizinha. Passado um tempo, Giovanna convidou:
- Estou com fome, vamos comer um misto quente?
Ester olhou-a horrorizada.
- Não! Misto quente é feito de presunto.
- E daí? Perguntou Giovanna.
- Daí que presunto é de porco, e não posso comer carne de porco. Minha religião não permite.
Giovanna começou a rir. Ester saiu correndo, chorando, para sua casa.
Mais tarde Giovanna passou na frente de uma casa e sentou-se no chão de tanto rir: as pessoas levantavam as mãos, gritando alto: eram evangélicos orando. Uma senhora passou e balançou a cabeça, ao vê-la fazendo aquela cena.
No dia seguinte Giovanna conheceu Aninha. Estavam brincando juntas, mas às 17h30min horas Aninha lhe disse que tinha de ir para casa, pois estava perto da Ave-Maria. Giovanna, convidada, foi com ela, e, ao ver a mãe de Aninha preparar uma mesa com uma jarra, uma imagem de Nossa Senhora e uma vela para fazerem a prece não se conteve:
- Que bobagem, vão rezar para uma santa?
D. Imaculada, mãe de Aninha, ficou muito irritada e Aninha, entristecida, sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas.
No primeiro dia de aula, a professora pediu aos alunos que se apresentassem. Giovanna levantou-se e disse que era espírita. A turma toda a olhou de um modo esquisito, começando a cochichar. Giovanna ouvia, entre os cochichos:
- Nossa, ela pega demônio! Lá conversam com os mortos! É macumbeira, cuidado com ela!
Nisso, Aninha e Ester se levantaram;
- Parem com isso. Cada um adora a Deus como sabe – disse Ester.
- Ninguém pode julgar uma pessoa por sua religião – o importante é ser bom e justo – completou Aninha.
Giovanna abaixou a cabeça, morrendo de vergonha, e nunca mais debochou da religião de ninguém.
Laura Souza Machado

3) Explicar a história e levar as crianças a dizerem o que acham sobre o tema.

4) Preparar um painel com a imagem abaixo. Recortar os ensinamentos e o nome das religiões em cartões de cartolina. Distribuir os cartões entre os Evangelizandos, que deverão montar o painel com o ensinamento creditado a religião correta. Fazê-los perceber a riqueza do exercício, pois todas as religiões, no fundo, pregam o amor e o respeito ao próximo!

Depois de concluído ficará assim:


5) Arte:
Distribuir o desenho abaixo para as crianças colorirem:

 6) Cantar a música “Diversidade” de Lenine:


Se foi pra diferenciar
Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar
Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença

Que seria do adeus
Sem o retorno
Que seria do nu
Sem o adorno
Que seria do sim
Sem o talvez e o não
Que seria de mim
Sem a compreensão

Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença

A humanidade caminha
Atropelando os sinais
A história vai repetindo
Os erros que o homem tras
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais

Que seria do caos
Sem a paz
Que seria da dor
Sem o que lhe apraz
Que seria do não
Sem o talvez e o sim
Que seria de mim...
O que seria de nós

Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença



Subsídios para o Evangelizador

Tolerância e Respeito

Sérgio Biagi Gregório

SUMARIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sobre a Tolerância: 4.1. Os Vícios e as Virtudes; 4.2. Formas Falsas e Formas Verdadeiras de Tolerância; 4.3. Tolerância é uma Virtude Difícil. 5. Sobre o Respeito: 5.1. O Respeito em Kant; 5.2. A Lei Áurea; 5.3. A Tolerância é Passiva e o Respeito Ativo. 6. Tolerância, Respeito e Espiritismo: 6.1. Lei de justiça, Amor e Caridade; 6.2. Cristo é o Ponto Chave da Tolerância; 6.3. O Respeito ao Próximo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
Tolerar é bom, mas respeitar é melhor. Respeitar é bom, mas amar é melhor.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra tolerância? E respeito? Tratamos o próximo da mesma forma que gostaríamos de ser tratados? Somos severos para com os outros e indulgentes para conosco ou severos para conosco e indulgentes para com os outros? Que tipo de subsídios o Espiritismo nos oferece para uma melhor interpretação do tema?
2. CONCEITO
Tolerância – do latim tolerantia, do verbo tolerare que significa suportar. É uma atitude de respeito aos pontos de vista dos outros e de compreensão para com suas eventuais fraquezas. Esta palavra está ligada a outros termos afins: paz, ecumenismo, diferença, intersubjetividade, diálogo, alteridade, não violência etc.
Respeito – do latim respectus, de reespicere que significa olhar. Sentimento de consideração àquelas pessoas ou coisas dignas de nossa veneração e gratidão, como aos pais, aos mais velhos, às coisas sagradas, aos sentimentos alheios etc.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em seu sentido estrito, a tolerância é o regime de liberdade concedido pelo governo de um país, onde já se tem uma forma de religião estabelecida, de praticar qualquer outra forma de religião, ou mesmo de não seguir nenhuma.
A completa liberdade religiosa é fato recente no mundo ocidental. Antes da Reforma, a Igreja católica aplicava todo o tipo de penalidades a quem quer que se desviasse da sua ortodoxia. A Reforma (1517) deu início à tolerância, mas não de forma absoluta, pois os próprios reformadores não toleravam as teses que combatiam. Os Protestantes quiseram não só submeter indivíduos, mas nações inteiras às suas opiniões. Com isso, vimos aparecer o movimento denominado "Contra-Reforma", encetado pela Igreja católica, dando origem à "guerra das religiões", de caráter político religioso. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
A intolerância religiosa foi, no processo histórico, a maior causadora das guerras entre nações. Nesse mister, o próprio catolicismo demorou muito a respeitar o pluralismo das diversas crenças. Foi somente no Concílio Vaticano II que deixou claro: 1.º) a tolerância religiosa não se baseia no falso princípio de que todas as religiões sejam verdadeiras, mas no princípio da liberdade de consciência; 2.º) esta não dispensa ninguém do dever fundamental de fidelidade à verdade, isto é, não significa que se pode mudar de religião como se muda de roupa, mas significa que a aceitação de uma fé é um ato soberanamente livre e espontâneo da consciência. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
O ser humano moderno não é um Robinson Crusoe, desterrado em uma ilha, cuja única atividade era a de pescar e de caçar para sua sobrevivência. O homem tem que viver em sociedade, pois já se disse que ele é um animal político e social. E quando começa a se associar, a entrar em contato com mentes que pensam de forma diferente da sua, a contradição aparece. E é justamente aí que surge o ensejo de praticar a tolerância, que nada mais é do que o respeito para com o pensamento alheio.
4. SOBRE A TOLERÂNCIA
4.1. OS VÍCIOS E AS VIRTUDES
A virtude é a potência de um ato. É a atualização do que já existe no âmago do ser. A virtude do abacateiro é produzir abacate. A virtude do santo é produzir santidade. Segundo Aristóteles, a virtude deve ficar no meio, ou seja, nem se exceder para cima e nem para baixo. O relacionamento entre vício e virtude coloca-nos frente à lei da utilidade marginal decrescente, a qual nos ensina que o excesso de uma coisa pode transformar-se no seu oposto. Assim sendo, o excesso de humildade pode transformar-se em orgulho e o excesso de orgulho pode transformar-se em humildade. Tomemos o exemplo de Paulo. Depois da perda e recuperação de sua visão, no deserto de Damasco, o orgulhoso combatente de Cristo tornou-se o seu mais humilde servidor.
4.2. FORMAS FALSAS E FORMAS VERDADEIRAS DE TOLERÂNCIA
Existem formas falsas e verdadeiras de tolerância. Um exemplo de forma falsa é a do ceticismo, aquela que aceita tudo, subestima todas as divergências doutrinais, porque parte do princípio de que é impossível aproximar-se da verdade. A verdadeira tolerância é humilde, mas convicta. Respeita as idéias e condutas dos demais, sem desprezá-las, mas também sem minimizar as diferenças, porque sabe que é a contradição que leva ao bem comum. Nesse sentido, a frase atribuída a Voltaire, "Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim", é providencial para elucidar o respeito que devemos ter para com os nossos semelhantes, sejam de que condições forem.
4.3. TOLERÂNCIA É UMA VIRTUDE DIFÍCIL
O dilema dos limites da virtude da tolerância pode resumir-se em dois princípios: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" e "Não deixes que te façam o que não farias a outrem". O comodismo que norteia os nossos passos é o grande obstáculo para o não cumprimento desta virtude. Quantas não são as vezes que dizemos sim a um convite quando, com razão, deveríamos ter dito não, por faltar-nos a coragem de dizer que aquilo não faz parte de nosso projeto de vida.
Em se tratando dos erros alheios, a dificuldade está em delimitar aceitação dos mesmos. Pergunta-se: até que ponto devemos suportar as injúrias e violências, os agravos e os desatinos de nosso próximo? Qual é o limite? Jesus ensina-nos que devemos perdoar não sete, mas sete vezes sete, isto é, indefinidamente. É para sempre? Contudo, há um limite em que a paciência deixa de ser considerada virtude. Qual é o limite? Ainda: "O hábito de tudo tolerar pode ser fonte de inúmeros erros e perigos".
5. SOBRE O RESPEITO
5.1. O RESPEITO EM KANT
Em Kant, o respeito é o único sentimento comparável com o dever moral. Não é um sentimento "patológico" que procede da sensibilidade – como todos os outros – ou seja, da parte passiva do nosso ser. Ele procede da vontade. Em sua Fundamentação da Metafísica dos Costumes, define-o como a consciência da imediata determinação da vontade pela lei, ou seja, como a apreensão subjetiva da lei. Embora tenha certas semelhanças com as inclinações naturais e o temor, distingue-se de ambos porque não resulta de uma impressão recebida, mas de um conceito de razão. (Dorozói, 1993)
5.2. A LEI ÁUREA
A lei áurea já existia antes de Jesus. Os gregos diziam: "Não façais ao próximo o que não desejeis receber dele"; os persas: "Fazei como quereis que vos faça"; os chineses: "O que não desejais para vós, não façais a outrem"; os egípcios: "Deixar passar aquele que fez aos outros o que desejava para si"; os hebreus: "O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo"; os romanos: "A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo".
Com Jesus, porém, a regra áurea solidificou-se plenamente, pois o mestre não só a ensinou como a exemplificou em plenitude de trabalho, abnegação e amor. (Xavier, 1973, cap. 41)
5.3. A TOLERÂNCIA É PASSIVA E O RESPEITO ATIVO
A palavra tolerância relaciona-se com o substantivo "respeito" e o verbo "suportar". Conseqüentemente, devemos não somente respeitar como também suportar Deus, o próximo e a nós mesmos. Suportar a nós mesmos deve vir em primeiro lugar, porque não há peso mais pesado do que o nosso próprio peso. Quantas não são as vezes que pensamos estar agradando aos outros e não percebemos o elevado grau de grosseria, hostilidade e autoritarismo que lhes causamos. Eles acabam nos aturando porque não têm outra saída. É o caso do relacionamento entre o funcionário e o seu chefe. Se não lhe obedecer, estará sujeito a perder o emprego.
A tolerância obriga-nos a respeitar a regra de ouro: "Não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem". Evitar fazer mal aos outros é uma atitude meramente passiva. O respeito, ao contrário, carrega uma polaridade ativa: "Amar ao próximo como a nós mesmos". De acordo com Aristóteles, enquanto o respeito constitui uma virtude que nunca pode pecar por excesso, porque quanto mais respeito se tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma virtude que se obriga ao meio termo porque, em excesso, resulta em indiferença, e, em falta, traz o sabor da intolerância. (Marques, 2001)
6. TOLERÂNCIA, RESPEITO E ESPIRITISMO
6.1. LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
A Lei de Justiça, Amor e Caridade ajuda a compreender a tolerância. Segundo o entendimento desta lei, a justiça, que é cega e fria, deve ser complementada pelo amor e pela caridade, no sentido de o ser humano conviver pacificamente com o seu próximo. Observe alguém, sem recursos financeiros, jogado ao sofrimento, como conseqüência de atos menos felizes do passado. Há justiça divina, porque nada ocorre por acaso. Mas o amor e a caridade dos semelhantes podem mitigar a sua sede e a sua fome.
6.2. CRISTO É O PONTO CHAVE DA TOLERÂNCIA
A base da tolerância está calcada na figura de Cristo. Foi Ele que nos passou todos os ensinamentos de como amar ao próximo como a nós mesmos. Ele nos deu o exemplo, renunciando a si mesmo em favor da humanidade. Fê-lo, sem queixas e sem recriminações, aceitando sempre as determinações da vontade de Deus e não a sua. Em suas prédicas alertava-nos que deveríamos ser severos para conosco mesmos e indulgentes para com o próximo, e não o contrário.
6.3. O RESPEITO AO PRÓXIMO
Respeitar o próximo é não lhe ser indiferente. É procurar vê-lo no interior do seu ser. Diz-se que o sábio pode se colocar no lugar do ignorante, mas este não pode se colocar no lugar do sábio, porque lhe faltam condições para bem avaliar o que é sabedoria, conhecimento e evolução espiritual. Contudo, os amigos espirituais nos alertam que penetrar no âmago do próximo não é tarefa fácil. Podemos fazer algumas ilações, algumas tentativas, mas como pensar com a cabeça do outro?
Numa Casa Espírita, o respeito ao próximo deve ser praticado com cada colaborador. Respeitar aquele que escolheu se dedicar aos animais, aquele que escolheu se dedicar ao trabalho de assistência social, aquele que escolheu transmitir os ensinamentos doutrinários. Nesse mister, não há trabalho mais ou menos importante, porque todos concorrem para a divulgação dos princípios doutrinários do Espiritismo.
7. CONCLUSÃO
O Espiritismo, entendido como ciência, filosofia e religião, é o que mais subsídios nos dá para respeitar as crenças e os comportamentos do nosso próximo. Isto porque, "quanto mais o ser humano sabe, melhor compreende os comportamentos humanos, desarmando-se de idéias preconcebidas, da censura sistemática, dos prejuízos das raças, de castas, de crenças, de grupos".
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
MARQUES, Ramiro. O Livro das Virtudes de Sempre: Ética para Professores. Portugal: Landy, 2001.
XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973.
São Paulo, agosto de 2007 Retirado do site do Centro Espírita Ismael http://www.ceismael.com.br/artigo/tolerancia-e-respeito.htm 

Paz e luz!
Laura

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